terça-feira, junho 28, 2005

“Mudar”

Sinto vontade,

De mudar o mundo,

Mesmo de verdade,

Desde lá do fundo.

Trocar as voltas,

Aos desesperados,

E nas horas soltas,

Confessar os pecados.

Penso em trocar tudo,

Atingir a verdade eterna,

Dar as voltas a tudo,

E o céu em inferno.

Sinto vontade

De algo fazer,

Esta verdade

Não quero esquecer.

O mundo é belo?

Não. Acho que não.

Espera vê-lo,

Com o coração.

“Força”

A tua força interior,

Faz-me perder as minhas,

E quando fazemos amor,

Parecemos criancinhas,

Brincamos com o nosso corpo,

Que se junta num só,

O nosso mundo absorto,

Duro como a pedra-mó.

Adoro fazer-te vibrar,

E sentir que gostas,

Mostrar-te o amor,

Estampado nas costas.

Gosto desse teu calor,

Que pulsas dentro de ti,

Adoro sentir o furor.

De quando me abraço a ti.

Adoro sentir as tuas mãos,

Tocar no meu corpo sisudo,

Gosto de ter as mãos,

No teu corpo miúdo.

Adoro a força interior,

E perder as minhas,

Gosto sentir o calor,

Das tuas mãos rainhas.

“Amar seria...”

Amar seria de loucos,

Consumir o teu corpo,

Sermos aos poucos,

Um do outro.

Seria esquecer,

O tempo passado,

As noites em claro,

O choro esgotado.

Seria viver,

Sem nunca acabar,

Nunca esquecer,

O nosso amar.

Amar seria assim,

Eu junto de ti,

Tu junto de mim,

Como sempre senti.

“Viver”

Sinto o sol abrasador,

A tocar a minha pele,

Sinto o calor do teu amor,

A queimar este papel.

Vejo a cor do mar,

A banhar o teu corpo,

Vejo as marés do olhar,

E nele estou absorto.

Vejo as belas flores,

Que exalam loucura,

Tal como os amores,

Cheios de ternura.

Ouço a voz da madrugada,

Na loucura da vida,

A voz da minha amada,

Tão bela e querida.

Consumo com avidez,

A beleza do mar,

Cantarei à insensatez:

O nosso louco amar.

sexta-feira, junho 24, 2005

“Obrigado”

Obrigado por tudo,

Pelo que passaste,

Parecia mudo,

E tu mudaste.

Obrigado pelos dias,

Em que era impossível,

Tudo fazias

Para ser possível.

Obrigado pelas horas,

Vividas a meu lado,

Desculpa as demoras,

E o ar gelado.

Obrigado pelas noites,

Vividas pelos dois,

Espero que gostes,

Da vida depois.

Obrigado por tudo,

Que te fiz passar,

Obrigado por tudo,

quinta-feira, junho 23, 2005

Devaneios e excesso de sono...

Depois de apenas ter passado pelo descanso merecido, 60 e outros tantos minutos, após uma longa e dura batalha frente aos compêndios de estudo mais fortes. Depois de deixar meu suor, sangue e lágrimas naquela exigentíssima prova de conhecimento de Electrónica I, que até me correu muito bem... Teria vontade certamente de dormir, e deixar meus sonhos, desejos e vontades subconscientes lavrarem pela noite fora e manhã dentro...

Mas não!... Não!...

Ergueu-se o meu espírito mais boémio, a minha consciência "borgueira" desejando do seu recanto mais intimo apaladar 1 ou 2 Sagresitas, ou mesmo experimentar a novíssima Cristal Weiss... Que isto da publicidade resulta, em momentos de puro desespero. Enquanto os fracos dos olhos travavam, também eles, duras batalhas com corpos moldados e belos, invadidos por espíritos de musas que atravessavam as refrescantes esplanadas da "Bila"...

Mas fatal e cruel do destino, nada nem ninguém se aventurava em ser meu fiel Sancho Pança, e tal como eu aceitar este patriótico sacrifício, e gladiar-nos com aqueles copos gelados repletos de néctar dos deuses....

Resta-me então despejar os inúmeros desejos, verter as vontades profundas em palavras simples e frias... E com isto saio cavalgando de encontro aos meus sonhos secretos....

terça-feira, junho 21, 2005

Homenagem ao Poeta e à deslumbrante paisagem…

De volta a mais um post… E regressa também a poesia… Este poema também me liga ao passado, mas recordando a belíssima paisagem em que Miguel Torga se inspirou. Liga-me ao passado por alguns momentos intensos que lá vivi…

Mas sobretudo relança-me sobre o futuro, como um voo sobre aquela paisagem imensa e abrangente.

Lembro-me vagamente que fiz este poema, ou melhor saiu-me este poema para homenagear o local de S. Leonardo de Galafura, e homenagear o grande escritor que foi Miguel Torga.

“S. Leonardo do Torga”

Desta pedra,

Onde me sento,

E me vem o pensamento;

Também Tu avistaste,

A Terra e o Vento.

Largaste enorme lamento

Suspiro de admiração.

O Douro relembraste,

Esta terra, deslumbraste

E o céu alcançaste.

A glória verdadeira,

Há-de ser sempre primeira,

Entre outras destemidas.

Lutando combalida,

Contra essas investidas

De cavaleiros vorazes.

Por montes de solidão,

Terra viva e serena,

Minha alma é pequena

Para igualar à tua,

De poemas inertes,

Sombrios e iluminados.

Prostro-me diante de ti,

Poeta de mil venturas

Com pés assentes na Terra

E ideias nas alturas.

Poeta de mares de terra,

Na arte de navegar,

No meio desta serra

Te vieste inspirar.

segunda-feira, junho 20, 2005

Necessidade Dupla...

Por mais que não queiramos, acabamos sempre por remexer no nosso passado. Levantamos as crostas de algumas feridas, tocamos nas cicatrizes de outras tantas. Mas também só curamos esses males quando nos sentimos à vontade para falarmos deles. Não quero aqui falar do passado... Apenas expor ao mundo algo que à quase uma década vivia segredado entre duas pessoas... E que nunca foi aberto às críticas... O meu caderno de poemas... Este poema que se segue, é apenas um exemplo... Não foi escolhido ao acaso...Foi escolhido, não por ser o primeiro, ou o último, mas por ter algum significado mais forte, aliado ao facto de ser aquele que me está mais fresco na memória, e que por vezes ainda declamo nos meus pensamentos... À muito que tinha vontade de fazer isto...

“Necessidade

Sinto necessidade,

De te sentir nos meus braços,

De seguir os teus passos.

De ouvir a tua voz.

Sinto necessidade,

De Tu me tocares,

Do jeito de amares.

De seres como és.

Sinto necessidade,

De ouvir teu coração,

De sentir a emoção.

Do teu jeito de amar.

Sinto necessidade,

De sentir a tua mão,

De ouvir a canção.

De te ter junto a mim.

Sinto necessidade,

De tocar na tua boca,

De tremeres como louca.

De viveres só para mim.

Sinto necessidade,

De olhar os teus olhos,

De te ter nos meus sonhos.

De estar junto a ti.

Pronto já está... Afinal não custou muito…..

"O Príncipezinho"

"... - Por favor... desenha-me um carneiro ...

Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer. Por mais absurdo que aquilo me parecesse a mil milhas de todos os lugares habitados e em perigo de morte, tirei do bolso uma folha de papel e uma caneta. Mas lembrei-me, então, que eu tinha estudado geografia, história, cálculo e gramática, e disse ao garoto (com um pouco de mau humor) que eu não sabia desenhar. Respondeu-me:

- Não tem importância. Desenha-me um carneiro.

Como jamais houvesse desenhado um carneiro, refiz um dos dois únicos desenhos que sabia. O da jibóia fechada. E fiquei estupefacto de ouvir o garoto replicar:

- Não! Não! Eu não quero um elefante numa jibóia. A jibóia é perigosa e o elefante ocupa muito espaço. Tudo é pequeno onde eu moro. Preciso é dum carneiro. Desenha-me um carneiro.

Então eu desenhei. Olhou atentamente, e disse:

- Não! Esse já está muito doente. Desenha outro.

Desenhei de novo. Meu amigo sorriu com indulgência:

- Bem vês que isto não é um carneiro. É um bode ... Olha os chifres ...

Fiz mais uma vez o desenho. Mas ele foi recusado como os precedentes:

-Este aí é muito velho. Quero um carneiro que viva muito.

Então, perdendo a paciência, como tinha pressa de desmontar o motor, rabisquei o desenho ao lado. E arrisquei:

- Esta é a caixa. O carneiro está dentro.


Mas fiquei surpreso de ver iluminar-se a face do meu pequeno juiz:

- Era assim mesmo que eu queria! Será preciso muito capim para esse carneiro?

-Por quê?

-Porque é muito pequeno onde eu moro ...

- Qualquer coisa chega. Eu dei-te um carneirinho de nada !


Inclinou a cabeça sobre o desenho:


- Não é tão pequeno assim ... Olha ! Adormeceu ...


E foi desse modo que eu travei conhecimento, um dia, com o pequeno príncipe..."

Achei por bem iniciar esta minha aventura com este trecho do livro "O Príncipezinho" de Antoine de Saint-Exupery. Um livro cheio de sentimentos, inocência e pureza. Mas só atingidos com um coração aberto...


E é isso o nosso mundo actual... Onde apenas um coração aberto, é capaz de dar e receber todo o tipo de sentimentos... Onde só um coração aberto, repleto de inocência atinge a pureza...

Abro este espaço para aqui poder descarregar uma miscelânea de sentimentos... Para libertar as ansiedades mais inocentes.... E puder satisfazer as mais puras das incertezas...

Neste espaço, que também é vosso, receberei as criticas, as opiniões, e os conselhos... Usem, e abusem deste espaço...

Desde já um muito obrigado pela atenção...